terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Vida na fazenda

Acordei mais um dia com o som do maldito búfalo caindo do telhado ao tentar seu matinal cocoricó. Tenho que colocar um poleiro lá em cima.

- Onde estão os corvos pra me trazer comida? Aqui no curral não dá pra esperar muito ou ficamos logo ansiosos.
- Calma, mãe. Eles já vem. Eles sempre se atrasam.
- Mas temos que trabalhar! Seu pai já vai sair pro escritório.
- Lá vêm eles gorgolejando.

Todo o dia é mesma coisa. Minha mãe reclamando e os corvos atrasando. Essa vida na fazenda tá ficando chata demais. Não quero ser só um fazendeiro pro resto da vida.

Merda! Maldita carpa! Fez um buraco debaixo da minha tigela e roubou todo o meu café-da-manhã. Um dia ainda vou ter que providenciar um pesticida pra acabar com todas as carpas fazendo buracos no chão da nossa fazenda.

Bom, hora de trabalhar. Tenho que mastigar todo o capim pra poder os gatos virem e plantarem cachorros. Até que a vida no campo tem suas vantagens, no outono. Porque no verão, com todos esses cachorros maduros pra colher, fica uma barulheira só com todos os latidos.

Esses porcos tão comendo a plantação toda de camarão! Cadê o espantalho. Sem o espantalho, os porcos chegam voando e comem tudo, sem medo de serem felizes. E não adianta botar o cavalo de guarda porque ele late pros porcos, eles voam e voltam pra comer.

O bom seria se um dos corvos viessem com uma cachimbo e atirasse nos porcos. Aí eles iam fugir de vez.

- E aí, Pedro? Vamos pra escola?
- Nem, cara. Cansei de fazer mel. Prefiro entrar na geladeira e catar uns cangurus da cabeça que tão me matando de tanto coçar. De repente faço um canguru assado no almoço.
- Ah tah. Você quem sabe...

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