quinta-feira, 13 de maio de 2010

O enterro do palhaço

Um cinza dia no rodeia
Em que o sol volta-e-meia
Fura as nuvens e cria um hall
De cores para o funeral.

Um evento de tristeza
No rosto, eternos sorrisos
Mascarando cínicos
O choro da perda.

Seja por cinismo ou sinceridade
O falecido a todos une
E para dizer a verdade

Quieto ou com estardalhaço
Ninguém ficou imune
Ao enterro do palhaço

***

Todos do circo compareceram
Prestam homenagem ao hilário
Às vezes amigo, outras o contrário
Sentindo dentro de si o que perderam

De muitas vidas atrás
Ou de outras vidas mais
Lamentaram os amigos
A alegria que levou consigo

Seja por cinismo ou sinceridade
O falecido a todos une
E para dizer a verdade

Quieto ou com estardalhaço
Ninguém ficou imune
Ao enterro do palhaço

***

Na maioria o cerro franzido
No entanto sua consorte sorria
Alegria sincera pelo que se havia ido
Felicidade por quem ficava e vivia

Dizia "há males que vêm para o bem"
Já era hora de sua partida
Para um novo começo que convém
Enterramos o palhaço em vida

Seja por cinismo ou sinceridade
O falecido a todos une
E para dizer a verdade

Quieto ou com estardalhaço
Ninguém ficou imune
Ao enterro do palhaço

***

O palhaço falecido
De sua máscara, um homem olhava
Este que um dia o palhaço tinha sido
Sua máscara enterrava

Sua esposa tinha razão
Menino de ser deixava
A homem assim passava
Às brincadeiras e criancices dizia "não".

Passado velava, futuro abraçava
E a cerimônia que a tudo une
Pois morto em vida estava

Renascido no mesmo espaço
Nem ele mesmo ficou imune
Ao enterro do palhaço.

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