segunda-feira, 18 de maio de 2009

Caso de puliça

-Muito bem, o que aconteceu aqui?
-Seu Dotô, esse fiodapú tava mi bulinanu!
-Mas seu Dotô...
-Cala a boca, ô meliante! O cabo, dá um tapa nesse desgraçado cada vez que ele falar alguma coisa.
-Issu mêrmu seu Dotô! Acaba com ele! Safado!
-A senhora também trate-se de se acalmar-se. Agora me conta o ocorrido da ação maliciosa.
-Hein?
-O que aconteceu?
-Esse safadu fiodeumaégua fica mi bulunanu o tempo todo. Sempre que nós si vê ele mi bulina.
-O meliante abusa sexualmente da senhora, então?
-É issu aí! Ele fica passanu as mão nos meus peito i na minha bunda o tempo todo.
-Mas seu Dotô, não é bem assim... Ai!
-Cala a tua boca, ô marginal. Continue, senhora.
-Se Dotô, eu levu uma vida honesta, sô trabalhadora i temente a Deus. Sô mulé direita, não sô mulé di ficar de isfrega o tempo todo, não sinhô.
-Certo, a senhora é uma cidadã de boa índole.
-Não, eu sô uma mulé di família! Não sô isso aí que o seu Dotô falou não. Sô direita i limpinha.
-Certo, continue.
-Esse desgramado vive me encoxando pelos cantos, querenu abusar do meu corpo.
-E a senhora não quer? É contra a sua vontade?
-Também não é assim, né, seu Dotô. Ninguém é di ferro i a carne é fraca. Às vêiz eu deixo, mas só um poquinho.
-A senhora permite que o acusado se divirta às suas custas?
-Sim, sinhô, seu Dotô. Umas safadeza di vêiz enquanu até que é bom, né? Mas ele quer o tempo todo, não tenho discansu.
-Mas como a senhora permite que este estuprador comprovado viole a sua integridade física esporadicamente?
-Ó, não tindi o que u sinhô falô aí, não. Mas ele num é istrupador, não sinhô. É meu marido. Ele é um safado dos infernos e vai quemá com o capeta, mas é meu marido.
-E o que a senhora deseja que nós procedamos em relação ao caso aqui resistrado?
-Quero qui o sinhô ixplica pá ele que num pode mi currar o tempo todo i tem que arrumá um emprego. Pra ele dexá de ser safado e ir trabalhar.
-Mas, seu Dotô, si nóis num pode buliná nem as própria mulé, quem que as gentes vai buliná? Ai!

Um comentário:

Tais Martins disse...

eu espero do fundo do meu coração que este post seja PURAMENTE ficcional, e nem de longe inspirado em um causo real...